quarta-feira, 20 de julho de 2011

DA HOMOFOBIA NA GLOBO ATÉ A REFORMA POLÍTICA. O QUE O CÚ TEM HAVER COM AS CALÇAS?

 O debate que acalorou militantes LGBTs do Brasil inteiro foi a notícia de que a Rede Globo iria “esfriar” o debate da homossexualidade na novela das nove INSENSATO CORAÇÃO. A novela aborda de maneira contundente a violência que aumenta na proporção em que nós homossexuais e transexuais saímos do armário e ganhamos as ruas lutando por cidadania.

Pensando sobre o assunto percebi que os inúmeros ataques que a comunidade LGBT vem sofrendo dos fundamentalistas religiosos muito tem a ver com o debate de uma reforma política, assunto pouco discutido no movimento homossexual, mas que tem em sua luta política um impacto tremendo.

Ah, deve ter biba se perguntando o que o cú tem a haver com as calças né? Vou tentar explicar:

Sobre a Globo:
Segundo reportagem do Jornal Folha de São Paulo, o diretor -geral de entretenimento da emissora, Manoel Martins, determinou que a história entre os dois homossexuais Eduardo (Rodrigo Andrade) e Hugo (Marcos Damigo) fosse completamente esfriada na novela.

"Nada de instigar o beijo gay nem a ira de entidades que possam encarar a iniciativa com preconceito", disse Martins segundo a assessoria.

A assessoria de imprensa da Globo, quando contatada, afirmou que a "TV é um veículo de massa que precisa contemplar todos os seus públicos e faz parte do papel da direção zelar para que isso aconteça".
Além do corte das cenas, os autores foram instruídos a não fazer apologia pela criação de uma lei que puna a homofobia.
A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT em nota à direção da Globo solicitou “que prevaleça a livre expressão artística dos autores da novela Insensato Coração, mantendo a trama por eles escrita, preservando  o senso de humanidade e a responsabilidade social da emissora rumo a uma sociedade que prime mais para os valores do respeito, da paz e da harmonia entre homens e mulheres, independente da orientação sexual ou identidade de gênero”.

Em resposta a emissora respondeu que as “tramas registram a afetividade e o preconceito, mas não cabe exaltação. Cabe, sim, combater a intolerância, o preconceito e a discriminação, o que temos estimulado cotidianamente inclusive por meio de campanha”, ou seja, quando a campanha abordada na novela é outra o autor pode ser livre, quando o assunto é homossexualidade é melhor pegar leve.

O que se vê hoje é uma ala conservadora da sociedade que não admite a homossexualidade e tenta coibi-la. O pior é que esta ala, encabeçada por pastores de igrejas evangélicas e católicos radicais, está fortemente organizada no Congresso Nacional. E nem precisa dizer que a imensa maioria dos deputados e senadores não estão ali para servir o povo e sim interesses pessoais sejam eles econômicos ou religiosos. Esta ala confunde seu papel como representante do povo e age como se estivesse em seus cultos, confundindo o papel do Estado com de suas paróquias e aplicando em suas práticas no Congresso a Bíblia em vez de respeitar a constituição.

E o que isso tem a ver com a reforma política?
Exatamente tudo! Sem reforma política, os desmandos em Brasília não tem freio. A Reforma Política é que ira determinar importantes regras do jogo que irão contribuir com as lutas dos movimentos sociais. Enquanto as barganhas políticas comandarem o cenário político nacional estaremos sujeitas a vermos cenas como a de Dilma recuar e suspender o Kit anti-homofobia.

Entre os vários tópicos dessa reforma política, como o debate sobre Voto De Legenda, Imunidade Parlamentar, Suspeita De Corrupção, Divulgação De Pesquisa, Fidelidade Partidária o que me chama mais atenção é o financiamento de campanha, ou você acredita que se um empresário bancar uma campanha de deputado ele não vai querer nada em troca depois? Tenho certeza que os interesses dele estão distantes do interesse da população.

Pense bem, igrejas também financiam campanhas, exemplo disso é a campanha de divisão do estado do Pará, uma das maiores financiadoras além dos latifundiários são igrejas evangélicas que veem na divisão um campo fértil para eleger mais deputados e com isso vetar projetos como a criminalização da homofobia.
Esse é um tema polêmico, mas exemplos de países como Noruega e Alemanha podem servir de exemplo de que isso é possível se tratado com ética e controle social. O financiamento de campanha será público, com critérios claros e bem definidos, onde os controles serão rígidos e eficazes, permitindo que todos os candidatos estejam em igualdade de condições (recurso financeiro) para disputar o pleito.

O repasse aos candidatos não será em espécie mas sim em produtos e serviços de comunicação (vídeos, horário nos veículos, santinhos, anúncios, etc.)

Chegou a hora do movimento LGBT discutir este tema. Reforma Política Já! Defender o financiamento público de campanha é defender a criminalização da homofobia.

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