segunda-feira, 21 de setembro de 2009

uó do borogodó! a saga do redondo e o bajubês arcaico

Uó é algo ruim, mas antes falávamos uó do borogodóe na verdade era o ó, ou seja algu erdondo, ou seja o cú, enfim algo tão ruim parceido um cú... perai deixa eu explicar melhor, é que antes, eu não diria na minha época, mas ha algum tempo atrás, na época em que ser gay não era tão IN como hoje, nós homossexuais e homossexuéias (as trans e bis e travestis já existiam, mas todos eram considerados homossexuais, ainda não tuinhamos avanços políticos e não nos organizávamos tão estruturadamente) saíamos escondidos, nosso gueto, as boates, eram bem mocosadas e escondidas, nunca diziamos que íamos pro LUAU (Boate da época), sempre íamos para um aniversário do Luis, ou pra casa do Luís enfim os Luizes penavam, tinha o refúigio, o crocane, a status, mas as desculpas eram as mesmas, pois não queríamos reviver stonewall.
Gogo boys não existiam, Drags muito menos, eram transformistas, os hows haviam e muitos, babeth reinava e o mistéiro imperava. Éramos quse uma seita, éramos como se fossemos praticamente sobrenaturais. Ir pro gueto er merguilhar num mundo diferente e distante, era viajar para lugares místicos onde largávamos a capa que cobríamos de dia e nos realizávamos na idéia de ser quem queríamos ser!
Tinham as finas e tinham as bagaceiras, mas todas se uniam por um único fator: O Bajubá. O código foi criado para que pudéssemos conversar sem sermos descobertos, para falar semq ue os outros, os héterozinhos, não percebnessem do que falávamos, era uma lista imensa de palavras que usávamos: aquenda, lírio, lecy, bafom, ilê.
Quem inventou eu não sei, mas tdoas falavam, até no xopim elas falavam, nas lojas finas, nos carros,q ue na época eram corre-corre. Enfim, de terno ou de mini saia, de salto ou de sandália, todas reproduziam o bajubá, lingua oficial das gays dançantes da época.
O tempo passou, eu fiquei mais bonita, as parads vieram, ganhamos as ruas, as boates crecseram, as drgas surgiram, vieram algumas conquistas, mais de espaço mesmo, deixamos de ser culpadas pela Aids existir e hoje somos mais abusadas, felizes e conquistamos um lugar ao sol, que ainda não é cadeira cativa, mas já está dentro do estádio.
Mais sinto falta de uma única coisa, não é do bar do sete na Magalhães Barata onde elas fritavam na quarta e depois iam andando pra Status, é do que nos unia. Sinto hoje uma comunidade esfacelada somos bagaceiras, somos clubers, somos indefinidas, somos emo, somos travas, enfim, somos muita coisa e não conseguimos ser muitos, só na parada onde todos se encontram. Nos tornamos muitas tribos e estamos sem paradigma da identidade, temos muitas identidades, temos até a atualíssima identidade de gênero, mas não perecebemos que tudo isso surgiu para nos identificar, nos dar mais auto estima e não para nos separar.
Hoje tem bicha que só vai pra lugar hétero ou inventa as festinhas clubers pra não se beijar livremente e caçar no banheiro, como fazíamos na época que o bajubá impereva absoluto. Somos mais que isso, mas hoje o bajubá é de quem não conseguiu acompanhar essas pequenas vitórias que nos separaram e enfraqueceram, é de quem ficou na margem absoluta: as tarvestis, elas dominam o que restou do bajubá e inventam novos a cada dia, pois a cultura não é estanque.
Adoro a nossa lingue, é que tenho tanto orgulho de ser LGBT que acho que o bajubá é nossa maior bandeira, amo falar bajubês e se aparecesse o gênio da lâmpada eu ia pedir que todos os LGBTs voltassem a se unri em torno de uma língua mãe: o Bajubá, uma mistura gostosa de termos africanos, com indígena, americano e uma boa dose fresquês. Hoje nem tem mais tudo isso na receita dessa lingua, só tem inglês, mas isso a gente fala no próximo capítulo.
Segue um pouco de bajubá, mas não em ordem alfabética e sim conforme vou me lembrando ok:

aqué, arô, plaquê: dinheiro
alibam: policial
corre-corre: carro
corre-corre uó: ônibus
corre-corre rosmin: bicicleta
rosmin, mati: pequeno
odara: grande
ocó: homem
erê; criança
mapô ou amapô: mulher
apatá:lésbica
ori: cabeça
ojum: olho
oxó: roupa
diza: deixa, sai, larga
aquenda: olha, dar entregar, enfim é nosso verbo To be
bafom, babado: serve pra tudo, é tipo coisa
alcanha, mala, neca: pênis
laiala: vagina
dar a elza: roubar
edi: cú
uó: ruim
abalar: fazer algo bem feito
ilê: casa
ilê da baco lecy: motel
Lecy: sexo
futum: fedor
Hector: meleca
nena: fezes
lirio: urina
bem: bonito
bety faria: quando quer fazer o bofe, se a bety faria porque eu não faço?
caçar: ir atraz de alguem para fazer
cacura: feia
caricata: engraçada
dar close: se mostrar
dar ponta: frescar
dundum ou dundi: negro
encubado: esta no armario
chuca; limpeza anal
e tem muito mais, com o tempo vamos aumentando essa lista
beijos no corpo.........

4 comentários:

Antonio disse...

Acho que o bajubá virou domínio público. Entre gays, heteros, bis, nas novelas, na Hebe e na MTV. Todo mundo fala. E é sempre bom descobrir as palavras novas que as travas criam todos os dias. ;)

por Denilson d'Almeida disse...

boa Larrat!!

Por que não faz uma postagem sobre a "Elza"?

Acho que seria interessante!! Afinal, até hoje não descobri quem foi a Elza que deu origem a "elza"...

bjo no pescoço!

Unknown disse...

larra vc é demais adoro ver vc por ai sempre bela minha linda !!!!

Unknown disse...

Denilson
Elza da novela da globo que roubava as crianças